Os gatilhos psíquicos na vida de uma criança são idênticos aos conflitos mais neuróticos de sua mãe.
Erik Erikson
Durante a análise de Sam, uma criança de 5 anos que sofria de ataques epiléticos desde os 3 anos, Erik Erikson observou que a recorrência dos ataques estava diretamente ligada a determinados estímulos que serviam como gatilhos psíquicos para a criança.
Os ataques epiléticos de Sam haviam começado um dia após a morte da avó paterna. Na ocasião, a avó estava visitando a família de Sam e dormindo no mesmo quarto que o garoto. A mãe de Sam, no entanto, achou que era melhor “poupar” o garoto da notícia da morte da avó, dizendo que ela havia ido embora para Seattle.
Assim que o caixão com o corpo da avó estava sendo retirado de casa, para justificar, a mãe disse que era apenas uma “caixa cheia de livros” que seria enviada para Seattle com as outras coisas da avó.
A partir daquele momento, Sam foi privado de seus processos investigativos comuns à sua idade e iniciou a construção de defesas neuróticas para compensar a ansiedade da ausência da avó. Perguntava para a mãe: “Mas por que a vovó foi embora sem dizer adeus?”.
Inconsolável, somatizou os terrores subjetivos da retaliação de algo que julgara ter feito de ruim. Achava que a avó tinha “ido embora” por sua causa e esperava uma reação primitiva na mesma proporção: a morte.
Um dia, viu uma toupeira morta no quintal e teve um ataque epilético seguido de um rápido desmaio. Os ataques se repetiam sempre que algum senso de violência se manifestava em seus sentidos. Esperava constantemente o terror da retaliação, comum a todas as espécies.
Os conflitos neuróticos da mãe, manifestos como uma formação reativa, haviam transformado Sam em uma criança epiléptica. Neste ponto, é importante compreender que “mãe” é apenas um papel social não relacionado a nenhum sexo biológico.
Durante o tratamento, conforme Sam percebia as restrições neuróticas impostas pela própria mãe, tornava-se capaz de ressignificar seus terrores, cessando por completo os ataques epiléticos.
O caso é analisado no livro “Infância e Sociedade” de 1950.
Muito bom o aprendizado
um relato complexo em que nos deparamos nos dias de hoje por situações semelhantes
Muito interessante como a partir de um fato compreendido de forma errada no insconciente houve um desencadeamento da epilepsia.
No caso de Sam sua mãe o impediu é reprimiu ele de passar por frustrações não foi orientado a lidar com a perda
No caso de Sam, seu gatilho para as crises epileticas foi desacadeado por um acontecimento psicológico muito sofrido, com o qual Sam não conseguiu lidar racionalmente. Pessoas que não conseguem expressar seus sentimentos por meio de Fala os expressam por meio de sintomas orgânicos no próprio corpo.
Interessante como mesmo obtido uma resposta verbal o inconsciente do garoto foi capaz de acessar o conteúdo por trás das justificativas elaborada pela mãe e reagido com tal sintoma, ataques epiléticos…
Cada cérebro é como a impressão digital: único em si mesmo e único em suas táticas de defesa para assegurar uma vida mais “ SEGURA”
a somatização dessas demandas veio com o significado que o subconsciente interpretou. Em um atendimento já me deparei com uma fobia de lagartixa na qual era associada a figura materna e ao ressignificar a mãe a fobia não se fez mais presente.
Esse texto sinaliza o quanto o nosso corpo é um termômetro das emoções
Muito interessante! Devido a (suposta) perda da avó, (outros situações havia acontecido como a toupeira morta, a borboleta morta, acidentalmente) desencadeou a epilepsia, pois tomou para si, a “culpa” , apesar de “duvidar da resposta da mãe; perguntava a si mesmo: por que tanta gente chorando em volta de uma caixa de livros?
O terapeuta pode usar técnicas específicas para ajudar a criança a lidar com o luto e os ataques de epilepsia
Fantástico a medida que se investiga , se descobre a força desse link entre a morte da avó e a doença. E como esse construto perde a força ao ser reseguinificado
A forma como enfrenta o luto e a forma com se transfere aos filhos pode gerar grandes transtornos . Porque as crianças não sabem lidar com a intensidade dos seu sentimentos, tem um medo muito grande e isso pode vir acompanhado de uma série de sentimentos, angústia que se não for bem acolhido pelos pais gera traumas .
Interessante como as perdas fazem surgir as propensões escondidas.
O desenvolvimento de um processo normativo é uma das formas para o crescimento moral social e intelectual de uma pessoa.
A ação da falta de explicação direta da mãe, criou no seu sub consciente uma interrogação é uma história inacabada, fazendo que um sentimento de culpa se instalassem no celebro da criança, que após isso começou a desenvolver gatilhos demostrando por muita ansiedade em estado epilépticos.